quarta-feira, 9 de junho de 2010

Festival de Betim e ....se ler te faz feliz... não perca esse!

Roda Viva se apresenta no 3º Encontro de Corais


Ter, 01 de Junho de 2010 17:10 Redação .A cidade de Betim acolheu durante uma semana, 28 agremiações de várias partes do país para a realização do seu 3º Encontro de Corais. Evento que se notabiliza pela elevada organização, calorosa e simpática recepção aos grupos participantes e, principalmente, a evolução qualitativa dos coros resultando em grande presença de público. A cidade de Betim acolheu durante uma semana, 28 agremiações de várias partes do país para a realização do seu 3º Encontro de Corais. Evento que se notabiliza pela elevada organização, calorosa e simpática recepção aos grupos participantes e, principalmente, a evolução qualitativa dos coros resultando em grande presença de público.

Com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Lafaiete foi representada pelo Madrigal Roda Viva, que se apresentou no sábado, dia 22, na Casa de Cultura betinense, ao lado de corais de Belo Horizonte, São Paulo, Ipatinga, Rio de Janeiro e Betim. Todos os grupos foram agraciados com os troféus, diploma de participação e artesanatos que a cidade produz.


O Roda Viva apresentou um repertório eclético.

Pela ordem: Manhã de Carnaval, de Antônio Maria e Luiz Bonfá e arranjo coral de João Carlos Kuntz, com acompanhamento de piano de Lídia Marzano. Gravada na trilha sonora do filme Orfeu Negro, em 1959, apresentou a bossa nova ao mundo através de sua vasta produção sonora em discos de diversos artistas; Canção de Minas, do folclore da região leste mineira e arranjo coral, a cinco vozes, do Maestro Luciano Mendes.


Uma doce melodia, onde baixos e tenores descrevem, em duo, as belezas de Minas Gerais, o modo mineiro de ser e a pluralidade do “uai”, com sentimentais adornos em vocalizes a três vozes de sopranos, contraltos e mezzos. Para encerrar a exuberância e alegria de George Frideric Händel, um dos mestres do barroco mundial: Halleluyah, amen do Oratório Judas Maccabeus e que contou com a participação do Quinteto de Sopros da Banda Sinfônica de Queluz.


Participaram do concerto os sopranos Dafne Valéria, Vera Prado, Maria do Carmo Rodrigues e Giselda Rodrigues; contraltos: Jéssica Melo, Édila Campos, Andréia Marçal, Margarida Egídio, Valdete Beraldo e Alice Antonucci; tenores: Adão Gomes, João Paulo de Souza, Agnaldo Maduro e Daniel Lopes; baixos: Diego Aguiar, Marcos Aurélio, Talles Carvalho e José Luiz Ciriano e o quinteto de sopros: José Dionísio (Sax tenor), Raimundo Esaquiel (flauta transversal), Luiz Cláudio (trompete), Luiz Beraldo (sax alto) e Jesus Melo (trombone). A regência foi do Maestro Geraldo Vasconcelos.



Passeio Socrático - Frei Betto


Ao viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelo produz felicidade?'

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'. 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'

Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual.. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...

A palavra hoje é 'entretenimento'. Domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, ­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:

"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"