Dicas Para o Vocalista - Postura, Percepção e 
Respiração
Jordan Augusto
Introdução
O canto é composto por várias partes: Respiração, articulação, percepção, 
técnica e interpretação. Antes de entrarmos detalhadamente em cada uma delas, 
vamos a algumas considerações gerais que são importantes e também fazem parte do 
ato de cantar:
POSTURA CORPORAL
Temos que sempre ter em mente que quando cantamos estamos utilizando um 
instrumento musical um pouco mais complexo que os demais: nosso corpo. Você 
nunca obterá grandes resultados se desconsiderar este fato, pois o mecanismo do 
ato de cantar está intimamente ligado a diversas partes do corpo, e uma 
desarmonia em alguma dessas partes prejudica consideravelmente sue rendimento 
como um todo.
Preste atenção no dia-a-dia e veja que nossa voz não mantém uma constância, 
ela se altera de acordo com situações e circunstâncias que vivemos, 
principalmente relacionadas as emoções. Portanto as considerações feitas a 
respeito da parte física do nosso corpo são também reflexo de uma tentativa de 
harmonizar as emoções e ansiedades que sentimos, fruto de uma rotina 
estressante, carregada de responsabilidades, compromissos e obrigações.
A postura corporal é muito importante neste ponto, pois quando cantamos 
precisamos sentir segurança, apoio, que não vêm, desta vez, de fontes externas, 
como um diploma ou uma conta bancária farta, e sim do nosso próprio corpo. 
Distribuindo o peso do nosso corpo entre os dois pés, observando em seguida um 
encaixe perfeito da cintura pélvica (quadril), em equilíbrio com os ombros e 
mantendo um ângulo de 90 graus para o queixo, podemos aproximar-nos de uma 
figura em equilíbrio. Mantenha ainda os joelhos levemente flexionados, e tenha 
certeza que a velha postura militar de peito para frente, barriga para dentro, 
joelhos para trás e calcanhares afundados no chão é extremamente desconfortável, 
falsa e prejudicial à saúde, pelas altas tensões musculares proporcionadas.
O PESCOÇO
A postura do pescoço está determinada pelos pés, joelhos, eixo corporal e 
pelo equilíbrio da cintura com os ombros. O pescoço necessita estar alinhado com 
a coluna, sem estar caído para a frente e muito menos para trás, mas sim 
perfeitamente equilibrado dentro do eixo corporal. Se o pescoço estiver alongado 
para cima, o trato laríngeo também estará alongado, passando a trabalhar em 
condições precárias; se estiver enterrado no peito, igualmente o trato vocal se 
vê aprisionado e sem possibilidade de realizar seus movimentos específicos.
ARTICULAÇÕES
Se as articulações estiverem muito tensas, no máximo de seu estiramento, é 
bem provável que o cantor tenha problemas na emissão das palavras e na produção 
da voz, portanto o relaxamento das articulações e músculos é fundamental estar 
presente na rotina de nossa vida.
RELAXAMENTO
A produção sonora do ser humano está ligada organicamente como um todo; desde 
a postura corporal ao funcionamento íntimo de órgãos e sistemas biológicos, ao 
desempenho do padrão de pensamento de cada um, ao tipo de cultura que envolve o 
indivíduo, bem como o seu potencial econômico, enfim, todos esses fatores estão 
envolvidos no ato da fala.
Um indivíduo tenso está sempre muito próximo dos problemas da voz. As tensões 
musculares são responsáveis por dificuldades respiratórias, articulatórias e 
demais envolvimentos da produção da voz e da fala. Existem vários tipos de 
relaxamento, dependendo do nível de tensão que podemos estar sofrendo, e em se 
tratando de corpo e emoções é recomendável que se cuide de cada caso 
individualmente.
Um tipo de exercício que pode ser feito independente de análise é a soltura 
das articulações com movimentos giratórios lentos, indo do pescoço, ombros, 
braços até a cintura, joelhos e tornozelos. A energia psíquica flui melhor por 
um corpo relaxado, facilitando o contato com as emoções e a comunicação do 
cantor com o público.
RESPIRAÇÃO
A respiração é a base de toda a técnica de canto. A ela estão diretamente 
ligadas a afinação, colocação e volume da voz e resistência do cantor. Vejamos 
como funciona:
AQUECIMENTO
O ar, ao entrar no nariz, sofre um processo de aquecimento em virtude de uma 
grande concentração de vasos sangüíneos ali localizados e que se modificam 
segundo a alteração climática externa. Os vasos sangüíneos que irrigam a região 
contraem-se, segurando a circulação sangüínea por mais tempo quando a 
temperatura ambiente está baixa, dando a sensação que o nariz ficou gordo por 
dentro.
Com este procedimento, a cavidade nasal fica muito mais aquecida, como uma 
estufa que vai favorecendo assim o ar que, na sua passagem pelo nariz, vai 
recebendo o aquecimento necessário ao bom funcionamento orgânico. No entanto, se 
o dia estiver quente, os vasos sangüíneos permitem uma circulação mais ativa, 
como se o nariz estivesse muito amplo.
Essa regulagem calórica trabalha muito a favor do cantor, que só deve 
permitira entrada buco-nasal do ar em ambientes cobertos. Quando estiver ao ar 
livre, a entrada de ar deve ser feita pelo nariz, principalmente se estiver 
frio, evitando sempre que possível, que o ar gelado perturbe a mucosa da faringe 
ou mesmo da laringe, de onde poderia advir uma rouquidão indesejada.
FARINGE
É um tubo músculo membranoso que se inicia na base do crânio e segue até a 
Sexta vértebra cervical, onde tem continuidade com o esôfago e com a laringe, 
ocorrendo neste ponto o cruzamento dos sistemas digestivo e respiratório.
LARINGE E CORDAS VOCAIS
A laringe abre-se na base da língua. Situa-se na parte mediana do pescoço, 
comunicando-se com a traquéia na parte inferior e com a faringe na parte 
superior. Na laringe encontramos as cordas vocais, responsáveis pela produção do 
som. O treino da técnica vocal (vocalizes) irá atuar nas cordas vocais como 
exercícios de alongamento, fazendo elas irem de sua posição dilatada (sons 
graves) para a alongada (sons agudos) várias vezes, buscando aos poucos uma 
maior elasticidade que se refletirá em aumento da tessitura vocal e maior 
precisão na afinação das notas.
DIAFRAGMA E PULMÕES
O diafragma é um grande músculo em forma de cúpula, de concavidade inferior, 
que separa a cavidade torácica da abdominal. Ele fica abaixo dos pulmões, que 
são a principal área de ressonância das notas médio-graves.
Quando inspiramos, o diafragma desloca-se para baixo, deslocando a cavidade 
abdominal e ampliando a cavidade torácica, enquanto os músculos intercostais 
dilatam as costelas, promovendo uma pressão negativa em relação ao meio 
ambiente, induzindo-se o ar para dentro dos pulmões, como se fosse uma máquina 
de sugar instalada na base pulmonar. Teremos então a região abdominal e 
intercostal dilatadas, o que não deve acontecer com a parte alta do peito, que 
permanecerá relaxada para facilitar a liberação do ar na expiração.
Nesta etapa, os músculos dilatados agora se contraem, empurrando a parte 
baixa dos pulmões, expulsando o ar para cima. Durante o ato de cantar, estes 
músculos devem ficar rígidos, mantendo a pressão nos pulmões para que tenhamos o 
apoio necessário para manter a voz corretamente colocada, sem ter que buscar 
força adicional na região da garganta.
Enquanto cantamos, mantemos sempre uma reserva de ar na parte baixa dos 
pulmões, repondo apenas o ar gasto para a emissão das notas, o que nos dá 
condições de fazer inspirações curtas entre as frases cantadas. Óbvio que em 
frases ou notas longas podemos utilizar todo o ar armazenado.
ÁREAS DE RESSONÂNCIA
São as regiões ocas do nosso corpo onde o som se amplifica. As principais 
são: pulmões (ressoa notas graves e médias) e cabeça (ressoa notas agudas). Na 
cabeça temos a região nasal, que pode ser usada para realçar os timbres médios e 
metálicos da nossa voz. É importante lembrar que todo o aparelho respiratório 
serve como ressonância para os sons, e para manter uma voz sempre brilhante e 
jovem deve-se buscar as ressonâncias da face.
ARTICULAÇÃO
Para aproveitar da melhor maneira possível as áreas de ressonância 
(principalmente da face), devemos trabalhar a articulação dos sons. A 
musculatura da face combinada com o movimento dos lábios e maxilar ajudará a 
projetar o som para fora, dando mais volume e precisão na dicção das palavras. 
Além dos exercícios musculares para a face, que vão melhorar a dicção, devemos 
dar atenção especial ao trato da articulação das vogais, pois este ponto é de 
vital importância para a boa colocação da voz, explorando as áreas de 
ressonância e não deixando o som destimbrado e opaco.
A - É - Ó - Sons claros e abertos. Na posição da fala não se pode cantar. 
Para vencer a extensão das escalas com a emissão perfeita destas vogais, temos 
que ovalar a boca. Com esta posição o som recua para o fundo da garganta e vibra 
no palato mole, entrando para a ressonância alta, e projetando-se timbrado.
Ô - Ê - I - U - Sons escuros e fechados. O movimento labial faz com que eles 
se projetem para frente. Nas notas agudas o maxilar cai deixando a boca 
ovalada.
Ê - I - Estas duas vogais merecem atenção pois são horizontais, e para se 
projetarem usamos o sorriso, que os mantém vibrando no mordente até o centro da 
voz. Para atingir notas agudas, o sorriso permanece, porém a boca vai se 
ovalando em busca de um som arredondado e bem timbrado.
EXERCÍCIOS
1) Mastigar o m... com som nasal
2) Fazer TRRR... e BRRRR.... até acabar o ar.
3) TRRR... com modulação de som e movimento de lábio
4) Mastigar o m... e soltar as vogais abertas e fechadas - Ex. m... muá , 
m....muô
5) ECO : muámuámuámuá , muémuémuémué, etc.; com todas as vogais
6) Morder uma caneta ou rolha e contar até 100 articulando bem
7) Fazer com e sem rolha:
a) BDG
b) PTK
c) FSCH
d) GDB
e) KTP
f) 
CHSF
PERCEPÇÃO
Esta é a área mais intimamente ligada com a afinação, pois diz respeito ao 
desenvolvimento do ouvido musical.
Qualquer som emitido na natureza é uma vibração, portanto uma freqüência. 
Notas musicais nada mais são do que freqüências, emitidas de maneira ordenada 
dentro da faixa de percepção do ouvido humano. Se o ouvido musical não for 
treinado, o ato de cantar estará seriamente comprometido. Neste caso, vale 
ressaltar que percepção é basicamente sinônimo de concentração.
Nós trabalhamos com dois tipos de memória: memória fotográfica e memória 
motor. A memória fotográfica registra os fatos, enquanto a motor simplesmente 
repete aquilo que registramos. Quanto mais concentrados estivermos no fato, mais 
facilmente este será incorporado, e mais rapidamente a memória motor estará 
atuando. Por isso é importantíssimo que na hora de se trabalhar a memória 
fotográfica o objeto de estudo seja registrado sem erros.
Isto vale não só na percepção, mas também na incorporação da respiração, 
articulações e técnicas de canto, que devem ser estudadas em períodos curtos e 
várias vezes ao dia, sempre com regularidade e disciplina, para que surtam 
efeito. No caso da percepção, os exercícios serão elaborados em cima dos 
intervalos musicais, dentro da tessitura vocal do aluno. Os vocalizes também 
ajudam muito nesse processo.
extraido de 
http://www.musicaeadoracao.com.br/tecnicos/tecnica_vocal/dicas1.htm